segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Na Terra dos Carrinhos de Bebé?

Quem sai à rua em Gotemburgo tem de reparar na quantidade de carrinhos de bebé que por lá andam!

Agora que penso nisso, com esta qualidade de vida, não me importava nada de nascer aqui...

O Arquipélago

Ao largo da costa da cidade de Gotemburgo há um conjunto de pequenas ilhas onde cerca de 5000 pessoas têm a sua casa e os carros são raríssimos. Os nativos desta zona referem-se a estas ilhas como "o Arquipélago"...

Descobri um dia cheio de sol, e como não sabia o que fazer com ele, aproveitei-o para visitar a parte sul do arquipélago, constituída pelas seguintes ilhas: Asperö, Brännö, Donsö, Knarrholmen, Kårholmen, Köpstadsö, Sjumansholmen, Stora Förö, Styrsö, Vargö e Vrångö. Deixo de seguida um mapa muito rudimentar, só porque gosto de mapas nos textos que escrevo:


Estas ilhas estão ligadas ao folclore nórdico a ponto de serem mencionadas em várias 'sagas' como Beowulf, no caso da ilha de Brännö.

Como acordei tarde, decidi apenas ir a uma das ilhas e ver o resto do barco. Em Saltholmen entrei no ferry Fröja com a intenção de desembarcar num pequeno 'porto' (se é que lhe podemos chamar isso) na ilha de Styrsö. Depois das duas primeiras ilhas, Asperö e Brännö (em baixo, uma fotografia do 'porto' de Brännö e dos seus 'automóveis') chegou a vez da única paragem em terra firme, a ilha de Styrsö.


Não saí no 'porto' principal, saí depois deste, num ainda mais pequeno. Fui o único a sair. O barco rapidamente desapareceu deixando-me a sós com os sons dos pássaros e da água a chapinar nas rochas. O meu principal objectivo era atingir o ponto mais alto da ilha, tirar fotografias à paisagem e voltar a entrar num barco no mesmo porto onde saíra. E tudo isto no espaço de 1 hora, podendo assim completar o circuito de barco (de Styrsö até Vrångö, a ilha mais distante, e daí a Saltholmen). Para o cumprir, contornei por uns metros a costa da ilha, sem deixar de reparar nas casas que por lá paravam e nos pescadores de marisco que por lá andavam, entrando pouco depois pelo denso arvoredo. Foi um caminho engraçado, pelo meio descobri uns lagos e zonas de densa vegetação, zonas essas que renderam boas fotografias. Deixo de seguida uma delas, tirada já perto do ponto mais alto.


Já no topo, tal como esperado, consegui ver a paisagem formada pelas ilhas e o belo efeito que os aglomerados de casas produziam à volta de pequenas baías. Se estivesse a nevar, tenho a certeza que o cenário me faria lembrar uma típica povoação dos mares do Sul, daquelas descritas nos livros que tenho lido, como o Na Patagónia de Bruce Chatwin. Das fotografias que se seguem, a primeira, um conjunto de casas na ilha de Styrsö, retrata muito bem um desses casos. Na segunda, uma vista sobre a ilha de Donsö, ligada à ilha de Styrsö por uma ponte (não, a ponte não é invisível. Não aparece na foto).



Do topo consegui também ver o barco que o entusiasmo acabou por me fazer perder!

Desci até ao porto principal, aproveitando o tempo ganho pela perda do tal barco. Consegui ver mais alguma coisa da maneira de viver nestas ilhas: bicicletas, carrinhos de mão e casas pacatas.


No mesmo 'porto' onde saí, um sueco que lá estava de bicicleta assinalou a presença de pessoas na paragem com a ajuda de um sinal luminoso e acabei por entrar no barco para regressar a terras continentais.

É um bom lugar para perder algum tempo a explorar. Não estava a espera de encontrar lagos ou zonas de arvoredo cerrado no meio destas ilhas. Gostei bastante do silêncio da estrada, dando lugar a outros sons que convidam a reparar em tudo e parecem fazer o tempo passar mais devagar.

Só mais uma coisa. Se pensarem em ir ao "Arquipélago", façam-no com tempo e num dia de Sol e sem nuvens...

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Os Táxis

Em Gotemburgo não há táxis amarelos, beges ou pretos. Aqui os táxis estão cheios de efeitos e autocolantes assemelhando-se mais a carros de rally.



Durante a noite, principalmente ao fim de semana, vagueiam pela cidade em busca de presas. Podem ser encontrados perto das discotecas ou bares.

Muito cuidado! Se, durante uma noite escura, os seus faróis vos encontrarem numa rua deserta, é provável que este predador abrande para tentar meter-vos lá dentro...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

My 'the Clash' moment of the month...

Tinha mesmo que escrever alguma coisa sobre isto...

Hoje, ou melhor, ontem (já é quase uma da manhã do dia seguinte...) terminadas as aulas, afastava-me do edifício de electrotecnia em direcção a casa, conversando ao mesmo tempo com um colega madrileno de nome Fernando. Já perto do ponto onde os nossos caminhos se separavam (ele mora na distante zona de Frölunda) surge como tema de conversa a duração da estadia de cada um de nós aqui nestas terras. Eu disse um semestre (leia-se, 5 meses, se tanto). Ele respondeu com 1 ano. "Eu sinto-me melhor em ficar aqui 1 ano. Pelo menos sei que quando acabarem as festas de final de ano, tenho algo para continuar aqui na Suécia e não em Espanha!"

Já na residência encontro a Sara. O mesmo assunto salta à baila. Também me diz que ficar aqui sem experimentar a Primavera é um 'desperdício'. Mas pelos vistos não há problema para os alunos suecos. Pedem um empréstimo ao estado, este financia os seus estudos e recebe o dinheiro de volta quando os alunos têm uma certa estabilidade financeira.

Yep, é esse o meu problema. Se eu tivesse uma bolsa a condizer com o custo de vida deste país, nem pensava duas vezes!

À noite, depois de começarmos a ver (e passados 10 minutos desistir) outro filme sobre drogas, (Domingo 'Spun', Segunda 'Trainspotting', Terça 'Requiem for a Dream'), o Mattias diz "Pá, tiveste a oportunidade de escolher ficar. Certas pessoas não nasceram para lutar man!" (Risos) "Agora a sério, ainda vais a tempo, mas tens de arranjar um trabalho amanhã." Pois, é isso mesmo, amanhã...

Should I Stay or Should I Go?

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

As coisas que ouvimos nos dias de hoje...

Hoje, ao almoço, no grupo habitual encontrava-se uma cara nova, um alemão de 27 anos que aos 18 foi viver para a Tanzânia durante 2 anos, escapando ao serviço militar germânico (aos olhos dele uma perda de tempo). Segundo nos contou, durante a sua estadia no estado africano trabalhou para uma empresa alemã ali activa.

Embora muitas das histórias que nos contou, apesar de dignas de aqui serem publicadas, sejam longas de mais para este espaço, houve algo que ele disse que me apeteceu partilhar.

Ora, disse-nos ele que quando se chega a um país onde as pessoas, a língua, os costumes, bem, praticamente tudo nos é desconhecido, o que normalmente fazemos é tentar recorrer àquilo que devíamos conhecer, a nossa própria pessoa. Quando o tentamos fazer e nada encontramos então sabemos que é tempo de nos descobrir.

Epa, ir para um sítio desses para partir à nossa procura...

É capaz de ter razão.

Comprei um casaco

Comprei um casaco para enfrentar a intempérie cá do (Gotem)burgo.

À prova de água e vento, quentinho, um casaco sueco! De uma marca que não conhecia, Everest. Pelo que já vi é especializada em roupa e desportos de Inverno. Aqui fica o logo:

Há um velho ditado que diz...

...se na Suécia encontrares uma porta, é provável que esta esteja fechada e seja difícil de abrir.

Ok, fui eu que inventei a história do velho ditado, mas o resto parece-me verdade. Aqui há razões óbvias para manter as portas fechadas. Frio lá fora, calor cá dentro, tão simples como isto. Mesmo as portas interiores (salas de aula, gabinetes, casas de banho, cozinhas, etc..) fecham-se sozinhas.

Agora não percebo porque é que temos de aplicar tanta força para as abrir!

A primeira vez que reparei na marca das fechaduras pensei "Abba?! Não pode ser...". E não era mesmo. Era Assa.

Na Terra das Cozinhas?

Depois das bicicletas e das pessoas (ou dos 'Sims", como queiram) encontrei um outro elemento que me parece um bom classificativo para estas terras e gentes... as cozinhas.

Ora quem estiver a ler este post deve estar a tentar adivinhar o que têm estas cozinhas de especial para as mencionar como "um bom classificativo". Pois é, estes suecos devem pensar muito mais adiante que a maioria de nós, a ponto de nos deixar a colocar as perguntas erradas. A questão não é o que têm, mas sim onde as podemos encontrar!

Depois de tantas horas enfiado em vários laboratórios da minha faculdade, depois de lá passar tantas horas divagando e descrevendo círculos em volta de uma solução que teimava em não aparecer, muitas vezes enriquecendo mais o aborrecimento e a frustração do que o conhecimento, julgava impossível elevar o meu nível pessoal atribuído a tal espaço ao grau de "remotamente agradável".

Aqui no país do IKEA descobriram uma maneira de o subir até ao grau de "acolhedor". Como? Fácil, põe-se uma cozinha ao lado e à vista de todos!

Sim, isso mesmo, uma cozinha! Com fogão, banca, armários com loiça, lava loiça e electrodomésticos como máquina de café, torradeira, micro-ondas, frigorífico e uma máquina aquecedora de água (para o chá...). Não faltam cadeiras, uma mesa onde se estendem revistas e jornais do dia. Para além disso, muitas delas encontram-se recheadas de chá, café e bolachas!

Claro que a cozinha não está "no" laboratório, mas encontra-se à vista de todos que entram no corredor. Assim acaba-se a sensação de ter de andar 20 km até ao bar mais próximo para petiscar alguma coisa. Fica mesmo ali ao lado, não custa nada! E isto aliado ao óptimo hábito destas gentes de fazer pausas de 15 min. a cada 45... "Acolhedor", não?

Nos últimos dias aproveitei para ver mais um pouco da cidade, fui ao Museu de História Natural de Gotemburgo, envolvido por uma das maiores áreas verdes da cidade, o parque Slottsskogen. Adivinhem o que lá encontrei?

Animais embalsamados e uma cozinha...