Ao largo da costa da cidade de Gotemburgo há um conjunto de pequenas ilhas onde cerca de 5000 pessoas têm a sua casa e os carros são raríssimos. Os nativos desta zona referem-se a estas ilhas como "o Arquipélago"...
Descobri um dia cheio de sol, e como não sabia o que fazer com ele, aproveitei-o para visitar a parte sul do arquipélago, constituída pelas seguintes ilhas: Asperö, Brännö, Donsö, Knarrholmen, Kårholmen, Köpstadsö, Sjumansholmen, Stora Förö, Styrsö, Vargö e Vrångö. Deixo de seguida um mapa muito rudimentar, só porque gosto de mapas nos textos que escrevo:
Estas ilhas estão ligadas ao folclore nórdico a ponto de serem mencionadas em várias 'sagas' como
Beowulf, no caso da ilha de Brännö.
Como acordei tarde, decidi apenas ir a uma das ilhas e ver o resto do barco. Em
Saltholmen entrei no ferry
Fröja com a intenção de desembarcar num pequeno 'porto' (se é que lhe podemos chamar isso) na ilha de
Styrsö. Depois das duas primeiras ilhas,
Asperö e
Brännö (em baixo, uma fotografia do 'porto' de Brännö e dos seus 'automóveis') chegou a vez da única paragem em terra firme, a ilha de Styrsö.
Não saí no 'porto' principal, saí depois deste,
num ainda mais pequeno. Fui o único a sair. O barco rapidamente desapareceu deixando-me a sós com os sons dos pássaros e da água a chapinar nas rochas. O meu principal objectivo era atingir o ponto mais alto da ilha, tirar fotografias à paisagem e voltar a entrar num barco no mesmo porto onde saíra. E tudo isto no espaço de 1 hora, podendo assim completar o circuito de barco (de Styrsö até
Vrångö, a ilha mais distante, e daí a Saltholmen). Para o cumprir, contornei por uns metros a costa da ilha, sem deixar de reparar nas casas que por lá paravam e nos pescadores de marisco que por lá andavam, entrando pouco depois pelo denso arvoredo. Foi um caminho engraçado, pelo meio descobri uns lagos e zonas de densa vegetação, zonas essas que renderam boas fotografias. Deixo de seguida uma delas,
tirada já perto do ponto mais alto.
Já no
topo, tal como esperado, consegui ver a paisagem formada pelas ilhas e o belo efeito que os
aglomerados de casas produziam à volta de pequenas baías. Se estivesse a nevar, tenho a certeza que o cenário me faria lembrar uma típica povoação dos mares do Sul, daquelas descritas nos livros que tenho lido, como o
Na Patagónia de Bruce Chatwin. Das fotografias que se seguem, a primeira, um conjunto de casas na ilha de Styrsö, retrata muito bem um desses casos. Na segunda, uma vista sobre a ilha de
Donsö, ligada à ilha de Styrsö por uma ponte (não, a ponte não é invisível. Não aparece na foto).
Do topo consegui também ver o barco que o entusiasmo acabou por me fazer perder!
Desci até ao
porto principal, aproveitando o tempo ganho pela perda do tal barco. Consegui ver mais alguma coisa da maneira de viver nestas ilhas: bicicletas, carrinhos de mão e casas pacatas.
No mesmo 'porto' onde saí, um sueco que lá estava de bicicleta assinalou a presença de pessoas na paragem com a ajuda de um sinal luminoso e acabei por entrar no barco para regressar a terras continentais.
É um bom lugar para perder algum tempo a explorar. Não estava a espera de encontrar lagos ou zonas de arvoredo cerrado no meio destas ilhas. Gostei bastante do silêncio da estrada, dando lugar a outros sons que convidam a reparar em tudo e parecem fazer o tempo passar mais devagar.
Só mais uma coisa. Se pensarem em ir ao "Arquipélago", façam-no com tempo e num dia de Sol e sem nuvens...